Sempre com um sorriso no rosto

A história da copeira Neuza Santos, que há 22 anos acompanha o crescimento da Quatá na sede da empresa, em São Paulo

 

Em 1998, Neuza de Jesus Santos estava desempregada quando passou de ônibus na frente da sede da Quatá e viu uma placa: “Precisa-se de copeira”. Desde então, já são 22 anos acompanhando a empresa crescer e ajudando a servir café, queijos e outros quitutes em reuniões de diretoria e outros eventos, sempre com um sorriso no rosto.

A vida de Neuza é uma história de muita luta, realizações importantes e sonhos para o futuro. Ela começou a trabalhar aos 15 anos, com limpeza de casas, profissão de sua mãe. Depois, tornou-se costureira e conseguiu uma vaga em uma confecção de ternos masculinos, onde ficou por nove anos. “Eu era caseadeira”, ela recorda, referindo-se à função de finalizar as casas dos botões dos paletós.

Um dos principais clientes era o apresentador Silvio Santos, que encomendava vários modelos para variar o figurino em seu programa de domingo. “Meu trabalho aparecia na TV”, Neuza conta, rindo.

A vida, no entanto, sofreu uma reviravolta pouco antes de ela entrar na Quatá. A empresa em que trabalhava quebrou e Neuza se viu sem emprego. Na mesma época, o companheiro com quem compartilhara os últimos quinze anos descobriu um câncer em estágio avançado e faleceu em apenas cinco meses. “Foi uma fase muito difícil”, ela recorda.

 

“Foi a primeira vez que andei de avião”, ela conta. “Na hora
de subir, eu morri de medo.”

 

Com o emprego na Quatá, a situação melhorou e ela foi obtendo importantes conquistas. A filha Renata, com sua ajuda, completou o ensino médio e fez cursos de administração, área em que ela acabaria por se estabelecer profissionalmente, chegando inclusive a trabalhar na própria Quatá durante alguns anos. Renata hoje é mãe dos dois tesouros da vida de Neuza: os netos Guilherme, de 12 anos, e Geovanna, de 6.

Neuza conseguiu também terminar a construção da sua casa, que ganhou um segundo andar e todos os acabamentos sonhados por ela. Em 2018, mais um sonho realizado: uma viagem para o Nordeste. “Foi a primeira vez que andei de avião”, ela conta. “Na hora de subir, eu morri de medo.”

No início deste ano, um susto. Sentindo um certo desconforto ao vestir o sutiã, ela decidiu consultar o médico e descobriu que estava com um pequeno nódulo no seio, do tamanho de um grão de feijão. Os exames mostraram que era câncer. Felizmente, de um tipo considerado brando. “Fiz a cirurgia e em seguida quinze sessões de radioterapia, agora o médico disse que estou curada”, ela afirma. Como é normal nesses casos, Neuza fará acompanhamento médico por cinco anos até receber alta definitiva.

 

Neuza e os netos Guilherme e Geovanna.

 

Por causa da doença e do tratamento, Neuza faz parte do grupo de risco do novo coronavírus e está em licença médica. Mas não vê a hora de tudo isso passar para poder voltar ao trabalho. “Não aguento mais ficar em casa”, ela diz, sorrindo.

Para o futuro, tem outro objetivo que pretende conquistar: comprar um apartamento na praia. “Eu quase fechei um negócio com um imóvel na Praia Grande, há dois anos. Na hora de assinar a papelada, vieram com uma história de que tinha uma parcela a mais e acabei desistindo”, conta. “Quem sabe no ano que vem eu não consigo?”