Em 2016, o paranaense Evandro Paulinho de Souza, responsável pelas funções de planejamento e controle de produção da fábrica da Quatá de Mercedes, no Paraná, deu um orgulho enorme aos pais. A mãe, Neuza, que só teve oportunidade de estudar até a terceira série do ensino fundamental, e o pai, Otacílio, que parou na oitava série, foram acompanhar a formatura do filho no curso de ciências contábeis. Evandro foi a primeira pessoa da família a fazer faculdade.
Evandro nasceu em Ivaté, no norte do Paraná, em 1982, e viveu até a adolescência em um sítio onde a família se dedicava à criação de bicho-da-seda. Em 1998, porém, a produção foi dizimada por uma doença, e eles se mudaram para Mercedes em busca de um recomeço. Ele iniciou na Quatá como diarista, em tarefas como a limpeza das caixas de transporte de queijo frescal, e aos 18 anos foi contratado como auxiliar de serviços gerais. Passou por diversas funções na fábrica até ser convidado, em 2011, para atuar no setor administrativo pelo gestor e amigo Márcio Pizzete Xavier. “Ele é como um segundo pai para mim”, conta Evandro.
Foi por incentivo do amigo que ele decidiu voltar a estudar aos 29 anos de idade, mais de uma década após concluir o ensino médio. Foram quatro anos conciliando o trabalho na Quatá durante o dia com a faculdade à noite, na vizinha Marechal Cândido Rondon, situada a 20 quilômetros de Mercedes.
Também foi Márcio quem o convenceu a tomar outra decisão importante em sua vida, como ele conta: “Um dia, em 2017, eu falei para ele que estava pensando em trocar o meu Gol 2013 por um carro mais novo. O Márcio perguntou se eu não achava que, em vez disso, estava na hora de sair da casa dos meus pais e ter a minha própria casa. Fui ao banco, fiz um financiamento pelo Minha Casa, Minha Vida, comprei um lote e construí”.
Há dois anos, ele se mudou para a casa nova, onde mora com a cachorra Mel, da raça border collie. Mas continua muito próximo dos pais, que costuma visitar diariamente. “Família para mim é tudo”, diz. A troca do carro só seria realizada em 2019.
Quando não está no trabalho, Evandro gosta de jogar futebol society e se reunir com os amigos, geralmente para um churrasco regado a cerveja. As noites de terça e quinta-feira são dedicadas ao esporte – e os churrascos acontecem normalmente às sextas, estendendo-se madrugada adentro. Evandro garante que já deu bastante trabalho aos times adversários. “Quando era magrinho, eu era bom de bola”, ele a firma. “Mas andei ganhando uns quilinhos e hoje dou bem menos trabalho aos adversários.”
Evandro tem alguns planos para o futuro. Um deles é comprar uma chácara para voltar a ter contato com a vida rural que marcou a sua infância e adolescência, nem que seja apenas como lazer. Outro é dar mais um passo no campo do estudo, cursando uma pós-graduação. “Ainda não sei exatamente o que estudar, mas penso em algo na área de administração de agronegócio”, ele conta. Pela história de dedicação de Evandro aos seus objetivos, é bem provável que daqui a alguns anos dona Neuza e seu Otacílio tenham mais uma noite de gala ao lado do filho.
