Esforço e determinação

Essas palavras definem a trajetória do líder de expedição Anderson de Almeida, que trabalha na matriz da Quatá, em São Paulo

 

O líder de expedição Anderson Oliveira de Almeida, da matriz da Quatá, em São Paulo, era sedentário até três anos atrás. Era magro, não exagerava na alimentação nem no álcool, então, quando foi fazer um check up de rotina, esperava encontrar resultados dentro do normal para os exames de sangue. Mas tomou um susto com os seus níveis de triglicérides.

 

“O normal dos triglicérides é até 150 [mg/dL], e o meu deu acima de 500”, explica. “O médico falou que, se eu não tivesse descoberto e não tratasse, poderia ter um infarto ou AVC.” Desde então, Anderson tem sido um paciente exemplar. Nos primeiros três meses, tomou remédio, mas depois nem precisou mais, pois adotou as mudanças de comportamento sugeridas pelo médico. Cortou o álcool, melhorou a alimentação e passou a praticar corrida de rua três vezes por semana.  “Hoje, meu resultado está em 112”, ele conta.

 

Esforço e determinação sempre marcaram a vida de Anderson. Ele nasceu em Pirituba, bairro da zona Oeste de São Paulo próximo à Quatá. Seus pais se separaram quando ele tinha 6 anos, e o pai, que sofria de alcoolismo, acabou se afastando da família. Ele e as duas irmãs foram criados apenas pela mãe, que trabalhava como doméstica e, para complementar a renda, lavava carros de clientes na porta da sua casa. Anderson ajudava nessa tarefa.

 

Aos 14 anos, ele foi contratado para trabalhar no Banespa, o banco estatal que na época pertencia ao governo de São Paulo e que, dez anos depois, seria privatizado e vendido para o Santander. Entrou por meio de um projeto chamado Turma da Rua, uma espécie de embrião do atual Jovem Aprendiz. Permaneceu no banco até a privatização, primeiro em uma agência, auxiliando os clientes que precisavam de orientação, e depois numa central de microfilmagem de documentos.

 

No último ano, tinha sido transferido para a área de TI para ajudar na instalação das redes de computador das agências e iniciou o curso superior de montagem de redes, mas o projeto foi interrompido pela perda do emprego, e ele se viu sem condições de continuar a faculdade.

 

Por ser um banco estatal, o Banespa oferecia estabilidade de emprego, e os funcionários sabiam que a privatização provocaria milhares de demissões. Por isso, muitos se surpreenderam quando, às vésperas da privatização, Anderson decidiu dar entrada em um apartamento. “Eu pensava o contrário. Sem carteira assinada e renda regular é que seria difícil conseguir um financiamento”, afirma. Hoje, o apartamento está quitado.

 

Com o dinheiro da rescisão, Anderson comprou um caminhão-baú usado e trabalhou com entregas de produtos durante cinco anos. Depois, trocou o veículo por uma van e passou a transportar pessoas, o que fez por mais quatro anos. Em 2010, decidiu se tornar motorista de táxi. Vendeu a van, mas o negócio que planejava fazer para se tornar taxista acabou não se concretizando.

 

Foi então que uma vizinha lhe perguntou se tinha interesse em uma vaga na Quatá como roteirista, função encarregada de definir os trajetos de entrega dos caminhões. Como conhecia bem a cidade, acabou contratado. Com o tempo, foi sendo promovido até o cargo atual.

 

Na vida pessoal, foi casado durante dezesseis anos e está separado há dois. É pai de Leticia, de 17 anos, e Julia, de 11. Elas moram com a mãe, mas o relacionamento com as filhas é bastante próximo. Para o futuro, Anderson sonha em ver as filhas felizes e bem encaminhadas profissionalmente.  Tem também o desejo de cursar faculdade na área de logística. Não será por falta de esforço e determinação que ele deixará de conquistar esse sonho.

 

“O normal dos triglicérides é até 150 [mg/dL], e o meu deu acima de 500. O médico falou que, se eu não tivesse descoberto e não tratasse, poderia ter um infarto ou AVC. Hoje, meu resultado está em 112.”

 

Anderson com a mãe, Marisa, e a filha caçula, Julia

 

A filha mais velha, Letícia

 

Anderson em uma corrida de rua promovida pela Quatá